Ementa
Alianças com estrelas, árvores e rios: novos modos de existir diante das catástrofes
A disciplina se configura como um laboratório-ateliê dedicado ao estudo, pesquisa e envolvimento teórico-prático com as artes, ciências, tecnologias. Adotando uma ênfase muito importante hoje dos estudos de ciência e tecnologia, nos estudos multiespécies, e nas chamadas linhas de pensamento pós-humanistas, experimentaremos a criação de composições sensíveis (com imagens, palavras e sons, corpos etc.) que buscam se afetar pelos não-humanos.
Neste semestre a disciplina se propõe a pensar em parceria com estrelas, árvores e rios para pensar e experimentar a divulgação científica e cultural enquanto criação de novos modos de existir, pensar e sentir e não apenas como reprodução de modos já dados, prontos e acabados. Para tanto, investiremos em articulações entre os campos das artes, literatura, antropologia, astronomia, biologia e filosofia e entraremos em contato com práticas de artistas e cientistas afim de extrair delas materiais, ferramentas, procedimentos e possibilidades de experimentação de uma comunicação audiovisual em tom menor. Uma comunicação que busque suspender as oposições entre natureza e cultura, sujeito e objeto, teoria e prática, matéria e espírito, humanos e não-humanos, e constitua um novo campo problemático para os encontros entre artes e ciências que levem a sério uma crítica ao antropocentrismo. Como parte da disciplina, investiremos na criação e problematização de um arquivo audiovisual e em criações individuais e coletivas com esse arquivo. Faremos pequenos exercícios de tornarmos dignos de entramos relações com estrelas, árvores e rios a partir dos aprendizados. A Revista ClimaCom (Labjor-Unicamp) será o espaço principal de exposição dos materiais produzidos na disciplina, mas a ideia é que os materiais circulem também em outros espaços-tempos em que os participantes estejam envolvidos (suas casas, salas de aula online etc.).
Encontros com artistas e cientistas (algumas possibilidades a confirmar):
- Laboratório do pesquisador Paulo Artaxo do INCT Mudanças Climáticas e que trabalha com Florestas ou David Lapola do Cepagri Unicamp que trabalha com Florestas
- Alessandra Penha e conversas sobre fisiologia vegetal, clima e astros
- Ernesto Bonato conversa sobre o projeto oolhoeorio
- Observatório Astronômico de Campinas
- Graciele Almeida – Projeto BINGO
- Thea Pitman / Ozo Uramaki / Sebastian Gerlig – Arte eletrônica Indígena
Obras a serem estudadas e apresentadas em seminários:
- A nostalgia de la luz, Patricio Guzmán
- O livro das árvores dos Ticuna. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me002040.pdf
- Jaider Esbel
- oolhoeorio Ernesto Bonato – Ateliê A árvore http://climacom.mudancasclimaticas.net.br/ernesto-bonato-oolhoeorio-3/
- Arvore dos desejos – Paulo Teles
- “De puerto en puerto” sobre el Río Uruguay de Silvina Babich e outros trabalhos Disponível em: http://climacom.mudancasclimaticas.net.br/silvina-babich-de-puerto-en-puerto-sobre-el-rio-uruguay/
- Floresta de Luz: um laboratório de botânica especulativa. Susana Dias e Sebastian Wiedemann
- http://climacom.mudancasclimaticas.net.br/floresta-de-luz-laboratorio-de-botanica-especulativa/
- Floresta² – Susana Dias e Alessandra Penha https://issuu.com/susanaoliveiradias/docs/floresta2_susanadias_alessandrapenha_final
- Esculturas do Bosque de Osun em Osogbo, Nigéria – Susanne Wenger e outros artistas
- http://www.susannewenger-aot.org/susanne-wenger/
- http://www.susannewenger-aot.org/susanne-house/
- https://susannewengerfoundation.at/en/susanne-wenger-art-ritual
- riooir – Cildo Meirelles
Bibliografia:
BRAIDOTI, Rosi. Postantropocentrismo: la vida más ala de la espécie. Trad. Juan Carlos Gentile Vitale. De Lo posthumano. Barcelona: Editorial Gedisa, 2015.
COCCIA, Emanuele. La vida de las plantas. Una metafísica de la mixtura. Trad. Gabriela Milone. Rev. Fabián Ludueña Romandini. Buenos Aires: Miño y Dávila Editores, 2017. (p.77-p.122).
DELEUZE, Gilles. As potências do falso. A imagem-tempo. Trad. Eloisa de Araújo Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2005, pp. 155-188.
FAULHABER, Priscila. As estrelas eram terrenas: antropologia do clima, da iconografia e das constelações Ticuna. Rev. Antropol. [online]. 2004, vol.47, n.2 [cited 2020-06-15], pp.379-426. Available from: https://doi.org/10.1590/S0034-77012004000200002.
FERRAZ, Silvio. O livro das sonoridades [notas dispersas sobre composição]. 2ª. Ed. São Paulo: 2ª. Ed., 2018.
GODOY, Ana. Arte: tornar-se o que se é, outro. A menor das ecologias. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. pp. 83-85.
HARAWAY, Donna. Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno: fazendo parentes. Trad. Susana Dias, Ana Godoy e Mara Verônica. ClimaCom – Vulnerabilidade, ano 3, n.5, abr. 2016, pp. 139-148. Disponível em: http://climacom.mudancasclimaticas
HARAWAY, Donna. Stay with the trouble. Making kin in Chtchulucene. Duke University Press, 2016.
INGOLD, Tim. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Trad. Fábio Kreder: Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2015.
KERN, Margit. De como los cuatro satélites de Júpiter se convirtieron em seis o por qué la verdade astronómica no coincide com la verdade artística. In: KRIEGER, Peter. Arte y ciência. Universidad Autónoma de México; Instituto de Estudos de Investigações Estéticas, México, 2002. pp. 393-418.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
LATOUR, Bruno. ¿El cosmos de quién? ¿Qué cosmopolítica? In: Comentarios sobre los términosde paz de Ülrich Beck. Rev Pléyade. Dossier Cosmopolíticas. 14; 2015. Disponível em: http://www.caip.cl/wp-content/uploads/14-Latour.pdf
LAPOUJADE, David. As existências mínimas. Trad. Hortência Santos Lencastre. São Paulo, n-1, 2017.
LAWRENCE, D. H. Caos em poesia. Trad. Vladimir Garcia. Florianópolis: Cultura e Barbárie, Verão de 2016.
STENGERS, I. Reclaiming Animism. E-Flux, N36. 2012. Disponível em: http://chaodafeira.com/wp-content/uploads/2017/05/caderno-62-reativar-ok.pdf
MATOS, Diego; WISNIK, Guilherme. Cildo estudos, espaço, tempo. São Paulo: UBU Editora, 2017.
MONANI, Salma; ADANSON, Joni. Ecocriticism and Indigenous Studies. Conversations from Earth to Cosmos. New York, New York ; London, [England] : Routledge, 2017.
ROQUE, Georges. ¿Qué onda? La abstracción em el arte y la ciência. In: KRIEGER, Peter. Arte y ciência. Universidad Autónoma de México; Instituto de Estudos de Investigações Estéticas, México, 2002. pp. 169-192.
SAUNDERS, Nichola; MERZEDER, Augustine. Susanne Wenger. Her house and her art colletction. Lagos, Nigeria: JB Ejebare, 2006.
STENGERS Isabelle. La propuesta cosmopolítica. Rev Pléyade. Dossier Cosmopolíticas. 14; 2014.[citado 7 out 2015]. Disponível em: http://www.caip.cl/wp-content/uploads/14-Stengers.pdf
STENGERS, Isabelle. No tempo das catástrofes – resistir à barbárie que se aproxima. Trad. Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Cosac Naif, 2015. 160p.
STENGERS, Isabelle. Another Science is Possible: A Manifesto for Slow Science. 2018. Cambridge, UK: Polity Press. 163 p.
TSING, Ana; BUDANDT, Nils; GAN, Elaine; SWANSON, Heather. Arts of Living on a Damaged Planet: Ghosts and Monsters of the Anthropocene. University of Minnesota Press, 2017.
van DOOREN, Thom; KIRKSEY, Eben; MÜNSTER, Ursula. Estudos multiespécies: cultivando artes de atentividade. Trad. Susana Oliveira Dias. ClimaCom [online], Campinas, Incertezas, ano. 3, n. 7, pp.39-66, Dez. 2016. Available from: http://climacom.mudancasclimaticas.net.br/wp-content/uploads/2014/12/07-Incertezas-nov-2016.pdf
ZOURABICHVILI, François. O jogo da arte. In: LINS, Daniel. Nietzsche/Deleuze: arte, resistência. Simpósio Internacional de Filosofia. Rio de Janeiro: Forense Universitária; Fortaleza, CE: Fundação de Cultura, Esporte e Turismo, 2007.
WALFORD, A. “Transforming Data: An Ethnography of Scientific Data from the BRAZILIAN Amazon”, 2013. 237 f. Tese de (Doutorado em Filosofia) – (IT University of COPENHAGEN, Copenhage, Dinamarca., Fevereiro de 2013).