Programa da disciplina
Esta disciplina busca aprofundar o pensamento sobre tecnologia, ciência e conhecimento a partir de referenciais teóricos das Ciências Sociais. Mais especificamente, o curso abordará algumas categorias básicas e discussões clássicas das Ciências Sociais, buscando compreender como os estudos contemporâneos das ciências e das tecnologias tanto incorporam quanto problematizam esses conceitos. O curso tratará de algumas relações entre essas diferentes abordagens e em disciplinas como Sociologia e Antropologia, pensando como cada uma dialoga e contribui para as temáticas que se configuram na contemporaneidade de maneira interdisciplinar.
Programa da disciplina
Partindo de uma retomada da problemática do animismo pelas humanidades, essa disciplina visa debater esforços contemporâneos, nas áreas da antropologia, da sociologia, da filosofia e do ativismo, para uma “reanimação” da Ciência e da Tecnologia. A disciplina será dividida em dois blocos. No primeiro bloco, serão debatidas leituras ligadas ao conceito clássico de “animismo” e às suas reconfigurações contemporâneas, incluindo perspectivas das ciências sociais e do feminismo. No segundo bloco, serão debatidos trabalhos que, apesar de não tratarem diretamente de animismo, liberam desdobramentos dessa discussão, ligados ao campo dos estudos sociais de Ciência e Tecnologia. As implicações cosmopolíticas da relação sujeito-objeto na produção de conhecimento e de tecnologia serão trabalhadas a partir de leituras engajadas de práticas científicas e tecnológicas na contemporaneidade. Entre os dois blocos, como interlúdio, os professores da disciplina apresentarão estudos de caso ligados à química e à biologia.
Esta disciplina atende à recomendação de inclusão das temáticas de direitos humanos nas disciplinas ofertadas pela Unicamp, encaminhada pela PRPG e pelo Comitê Gestor do “Pacto Universitário pela Promoção do Respeito à Diversidade, Cultura da Paz e Direitos Humanos da Unicamp”. A sensibilização por questões ligadas a desigualdades e assimetrias sociais, aqui proposta, para além de oferecer subsídios para a percepção dessas desigualdades no âmbito das (tecno)ciências, procura prover alternativas possíveis de produção de conhecimento acadêmico e de divulgação científica, comprometidos com o respeito à diversidade e a defesa irrestrita dos direitos humanos, animais e ambientais.
Avaliação
Serão avaliadas a participação nas aulas, a leitura dos textos e participação em sala de aula e o trabalho final. O trabalho final pode ter diversos formatos e deve compor reflexões motivadas pelas discussões do curso, preferencialmente em articulação com os temas da pesquisa sendo desenvolvida pela/o estudante. A presença em pelo menos 75% das aulas é condição para aprovação.
Cronograma
[1] 01/08 – Apresentação do curso
[2] 08/08 – Animismo I
- BIRD-DAVID, Nurit. 1999. “Animism” revisited: personhood, environment, and relational epistemology. Current Anthropology 40:S67-91.
- BIRD-DAVID, Nurit. 2006. Animistic epistemology: why do some hunter-gatherers not depict animals? Ethnos 71(1):33-50.
- RIVAL, Laura. 2012. Animism and the meanings of life: reflections from Amazonia. In: Marc Brightman; Vanessa Elisa Grotti; Olga Ulturgasheva (eds.). Animism in rainforest and tundra: personhood, animals, plants and things in contemporary Amazonia and Siberia. New York: Berghahn Books, pp.69-81.
- RIVAL, Laura. 2013. The materiality of life: revisiting the anthropology of nature in Amazonia. In: Graham Harvey (ed.). The handbook of contemporary animism. London: Routledge, pp.92-100.
[3] 22/08 – Animismo II
- HOGAN, Linda. 2013. We call it tradition. In: Graham Harvey (ed.). The handbook of contemporary animism. London: Routledge, pp.17-26.
- STARHAWK. 2018. Magia, visão e ação. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros 69:52-65.
- STENGERS, Isabelle. 2012. Reclaiming animism. e-flux 36.
[4] 29/08 – Animismo III
- FEDERICI, Silvia. 2019. Re-enchanting the world: feminism and the politics of the commons. Oakland: PM Press.
05/09 – Não haverá aula (4S)
[5] 12/09 – Animismo IV
- MELITOPOULOS, Angela; LAZZARATO, Maurizio. 2011. O animismo maquínico. Cadernos de Subjetividade 8 (13):7-27.
[6] 19/09 – Animismo V
- POVINELLI, Elisabeth. 2017. The three figures of geontology. In: GRUSIN, Richard (ed.). Anthropocene Feminism. Minneapolis and London: University of Minnesota Press. pp. 49-65.
- CETTL, Fani. 2018. From the Closet of the Mind to Mindedness: Rethinking Animism at the Crossover of Science Studies, Postcolonial Ethnography and Environmental Humanities. Brief Encounters 2(1):43-52.
[7] 26/09 – Células
- MYERS, Natasha. 2014. Rendering machinic life. In: COOPMAN, Catelijne et.al. (eds). Representation in scientific practice revisited. Cambridge and London: MIT Press. pp. 153-175.
- BENNETT, Jane. 2010. Preface + Stem Cells and the Culture of Life. In: _______. Vibrant matter: a political ecology of things. Durham: Duke University Press. pp. vii-xix + 82-93
[8] 03/10 – Elementos químicos
- BENSAUDE-VINCENT, Bernadette. 1985. Mendeleiev: história de uma descoberta. In: Michel Serres (dir.). Elementos para uma história das ciências. III Volume. Terramar, pp.77-102.
- REYNOLDS, Ffion. 2009. Regenerating substances: quartz as an animistic agent. Time and Mind 2(2):153-66.
[9] 10/10 – Antropoceno e mundo mais-que-humano
- TSING, Anna L.; SWANSON, Heather; GAN, Elaine; BUBANT, Nils (eds.). 2017. Arts of living on a damaged planet: ghosts of the anthropocene. Minneapolis: University of Minnesotta Press.
[10] 17/10 – Intra-ações entre matéria e significado
- BARAD, Karen. 2007. Meeting the universe halfway: quantum physics and the entanglement of matter and meaning. Durham: Duke University Press.
[11] 24/10 – Intra-ações entre matéria e significado
- BARAD, Karen. 2007. Meeting the universe halfway: quantum physics and the entanglement of matter and meaning. Durham: Duke University Press.
[12] 31/10 – SF: string figures, science facts, speculative feminism
- HARAWAY, Donna. 2013. A game of cat’s cradle: science studies, feminist theory, cultural studies. In: Arthur Kroker; Marilouise Kroker (eds.). Critical digital studies: a reader. Toronto: University of Toronto Press, pp. 59-69.
- HARAWAY, Donna. 2016. Staying with the trouble: making kin in the Chthulucene. Durham: Duke University Press.
[13] 07/11 – Contra-feitiçarias e capitalismo
- PIGNARRE, Philippe; STENGERS, Isabelle. 2007. La sorcellerie capitaliste: pratiques de désenvoûtement. Paris: La Découverte.
[14] 14/11 – Contra-feitiçarias e capitalismo
- PIGNARRE, Philippe; STENGERS, Isabelle. 2007. La sorcellerie capitaliste: pratiques de désenvoûtement. Paris: La Découverte.
[15] 21/11 – Fechamento