Programa
O entendimento do Jornalismo Científico como um campo de estudos passa pela compreensão da produção científica, da educação científica e da percepção social de ciência. Integra, também, uma ampla análise sobre o jornalismo em si. Com esse foco, a presente disciplina está dividida em duas partes. Na primeira parte do curso, introdutória, fortemente pautada por análise de dados (Capes, Inep-MEC, Pisa-OCDE, Scimago, WoS, THE, MCTIC), fazemos um mergulho na institucionalização e no estado da arte da ciência brasileira, analisamos a educação científica de base dos brasileiros e entendemos como a sociedade brasileira percebe, conhece, interessa-se e se engaja pela ciência, pelos cientistas e pelas instituições científicas no Brasil. Na segunda parte do curso, por meio de literatura, de análise de mídia e de conversa com convidados, debatemos o histórico e estado da arte do jornalismo no Brasil: o que o jornalismo entende por “ciência”, quais fontes são ouvidas nas reportagens, quais veículos de comunicação cobrem assuntos científicos, quem são os jornalistas brasileiros e sobre o que escrevem. A proposta é que cada aluno desenvolva um trabalho final com uma reflexão que conecte o Jornalismo Científico ao seu tema de pesquisa no mestrado (proposto ou em andamento), além de ensaio sobre um dos tópicos abordados no curso.
Avaliação: os alunos serão avaliados a partir de participação em debate na sala de aula (20%), de texto opinativo/ensaio (40%) e do trabalho final (40%).
Ensaio: individual, de 5-7 mil caracteres com espaço, sobre um dos temas abordados na sala de aula.
Trabalho final: apresentação individual de até dez minutos sobre como conectou o tema do Jornalismo Científico — literatura e debates — ao seu tema de pesquisa no mestrado.
PROGRAMA PRELIMINAR DO CURSO
Aula Tema
1 Apresentação do curso, da ementa e da avaliação
Apresentação de todos os alunos e alunas: nome, projeto, expectativas com a disciplina,
PARTE 1: Institucionalização da ciência brasileira, percepção pública da ciência e educação científica (3 aulas)
2 Institucionalização da ciência brasileira: histórico das instituições, dimensão, diversidade, pesquisa por áreas do conhecimento, colaborações internacionais.
3 Percepção pública da ciência e da tecnologia: como a sociedade percebe a ciência brasileira? Confiança na ciência
4 Educação científica no Brasil: o que aprendemos na escola? BNCC, PISA-OCDE, Censo da Educação Básica, Inep-MEC etc.
PARTE 2: Histórico e estado da arte do jornalismo no Brasil (7 aulas)
5 Histórico e estado da arte do jornalismo no Brasil: o que o jornalismo brasileiro entende por “ciência”?
6 Institucionalização da comunicação da ciência brasileira: como as instituições se comunicam com a sociedade?
7 Jornalismo de ciência na prática. Exercício.
8 A ciência e o jornalismo de ciência na pandemia da Covid-19
9 Assessoria de imprensa nas instituições de ensino e pesquisa. Exercício de comunicação institucional
10 Fontes no jornalismo científico. Exercício.
11 Desinformação, pós-verdade e negacionismo: o que temos a ver com isso?
FECHAMENTO (3 aulas)
12 Apresentação dos trabalhos finais
13 Apresentação dos trabalhos finais
14 Finalização da apresentação dos trabalhos finais e fechamento do curso
Bibliografia preliminar
AAAS (s/d) Why public engagement matters? Do Center for Public Engagement with Science and Technology, da American Association for the Advancement of Science (AAAS)
ABC (2009) A EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS NO BRASIL. Notícia publicada no portal da ABC em 14 de novembro de 2009.
ALVES, G. (2019) Brasileiro é otimista quanto à ciência, mas confiança cai, diz pesquisa. Texto publicado em 22 de julho na Folha de S.Paulo.
BBC (2019) Pisa: como o desempenho do Brasil no exame se compara ao de outros países da América Latina
CARVALHO, B. G. (2018) Cinco visões sobre o jornalismo científico no país.
CGEE (2019) Percepção Pública da C&T no Brasil – 2019. Resumo Executivo.
Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2019.
G1 (2020) ‘A educação precisa permitir o erro’: o professor que colocou a ciência como missão após um momento de eureca
ENTRADAS, M. et al (2020) Public communication by research institutes compared across countries and sciences: Building capacity for engagement or competing for visibility? PLOS ONE 15(7): e0235191
GOIS, A.(2019) Os jovens e a ciência no Brasil. Coluna de Antônio Gois em O Globo.
LOPES, R. J. (2019). Universidades públicas produzem mais de 90% da pesquisa do país; resta saber até quando. Texto publicado na Folha de S.Paulo em 21 de abril de 2019.
KARIM, Salim S. Abdool (2022). Public understanding of science: Communicating in the midst of a pandemic. Public Understanding of Science Volume: 31 issue: 3, page(s): 282-287. Article first published online: May 1, 2022; Issue published: April 1, 2022
MARQUES, Fabrício (2022). Crise na geração de recursos humanos. PesquisaFapesp Edição 315 maio 2022
MASSARANI, L. CASTELFRANCHI, Y., FAGUNDES, V e MOREIRA, I. (2019) O QUE OS JOVENS BRASILEIROS PENSAM DA CIÊNCIA E DA TECNOLOGIA? Resumo executivo.
MASSARANI, L. BAUER, M.W., AMORIM, L. (2013) Um raio X dos jornalistas de ciência: há uma nova ‘onda’ no jornalismo científico no Brasil?
MILLER, Jon D. (2022) Public understanding of science and technology in the Internet era. Public Understanding of Science. Volume: 31 issue: 3, page(s): 266-272 Article first published online: May 1, 2022; Issue published: April 1, 2022
Righetti, Sabine e Morales, Ana Paula (Coord) O que pensam os jornalistas de ciência e os cientistas do Brasil? A pesquisa que fundamentou a criação da Agência Bori. Relatório técnico baseado na pesquisa “Bori: plataforma de divulgação de artigos científicos de pesquisadores brasileiros para a imprensa nacional e estrangeira” (Fapesp, número 2017/16036-5). Agência Bori. Publicado em fev/2021.
RIGHETTI, S. MORALES, A.P., FLORES, N. e TANAKA, R. (2020) A cobertura da pandemia de Covid-19 e a Agência Bori: o desafio de levar a ciência nacional para jornalistas além do Sul-Sudeste do país
RIGHETTI, S. (2018a) Ciência na mídia: onde estão os estudos de pesquisadores brasileiros? In COMCIÊNCIA E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA. Carlos Vogt, Marina Gomes, Ricardo Muniz (orgs). Labjor, 2018 (pp 23-30)
RIGHETTI, S. (2018b) Avaliar para Comparar: Os Rankings Britânico e Chinês no Ensino Superior Global. Repensar a Universidade: desempenho acadêmico e Repensar a Universidade: Impactos para a Sociedadecomparações internacionais.
Organizador: Jacques Marcovitch (pp 45-61)
RIGHETTI, S. e GAMBA, E. (2019a) Alvos de corte, universidades federais deram
salto de produção em 10 anos. Texto publicado dia 30 de abril de 2019 na Folha de
S.Paulo.
RIGHETTI, S. e GAMBA, E. C. (2019b) Categorização do Ensino Superior no Brasil: Diversidade e Complementaridade. . Organizador: Jacques Marcovitch (pp 139-150)
RIGHETTI, S. (2020) Mulheres produzem metade da ciência nacional, mas poucas falam sobre seus trabalhos
SAMPAIO, H. (1991) “Evolução do ensino superior brasileiro, 1808-1990”. NUPES/USP, Documento de trabalho 8/91.
VOGT, C., CASTELFRANCHI, Y., RIGHETTI, S.. EVANGELISTA, R. A. MORALES, A.P, GOUVEIA, F, (2012). Building a science news media barometer.
VOGT, C.,KNOBEL, M. EVANGELISTA, R. A. FIGUEIREDO, S.P., CASTELFRANCHI, Y., RIGHETTI, S. (2010). Percepção pública da ciência e tecnologia no estado de São Paulo. In SUZIGAN, W., FURTADO, J.E.M.P., GARCIA, R.C. (coord). Indicadores de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo. Fapesp, 2010, p. 12-7 a 12-51 do vol.2
VOGT, C (2003). A espiral da cultura científica. ComCiência, jul. 2003.
XAVIER, A.A, BARATA, G. HAFIZ, M. TERCIC, L. (2020) Covid-19 aproxima cientistas da mídia de maneira inédita. Jornal da Unicamp, 2020.
Bibliografia complementar preliminar
BAUER, Raymond (1966) Social indicators Massachusetts : MIT Press, 1966. 357 p. Language: English.
BODMER, W (1985). The Public understanding of science. London: Royal Society, 1985.
CGEE (2015) A ciência e a tecnologia no olhar dos brasileiros. Percepção pública da C&T no Brasil: 2015. – Brasília, DF: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos. Ver site interativo.
CUNHA, R. (2017) Alfabetização científica ou letramento científico?: interesses envolvidos nas interpretações da noção de scientific literacy. Rev. Bras. Educ. [online]. 2017, vol.22, n.68 [cited 2020-10-20], pp.169-186.
DAZA, S.; Arboleda, T. (2007) Public Communication of Science and Technology in Colombia: ¿Policies for the Democratization of Knowledge? Signo y Pensamiento 50· volumen xxvi · enero – junio 2007.
DI GIULIO, Gabriela Marques; FIGUEIREDO, Bernardino Ribeiro de FERREIRA, Lúcia da Costa. Comunicação e governança do risco: um debate necessário, 104 [2022-04-29], pp. 0-0 Disponível em: http://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542008000700008&lng=e&nrm=iso
GALLUP. (1987) O que o brasileiro pensa da ciência e da tecnologia?. Relatório. Rio de Janeiro, 1987.
Guivant, Julia S. e Macnaghten, PhilipO mito do consenso: uma perspectiva comparativa sobre governança tecnológica. Ambiente & Sociedade [online]. 2011, v. 14, n. 2 [Acessado 29 Abril 2022] , pp. 89-104. Disponível em: https://www.scielo.br/j/asoc/a/f5LRrB8W6pjJJLVVw36WvwM/?lang=pt#
JANUZZI, Paulo. (2017) Indicadores sociais no Brasil: Conceitos, fontes de dados e aplicações. Campinas: Editoras Átomo e Alínea, 2017.
LEWENSTEIN, B.V. Models of public communication of science and technology. Public Understanding of Science, Ithaca, p.01-11, 16 jul. 2003.
MCT (2010) Percepção Pública da Ciência e da Tecnologia – resultados da enquete de 2010.
MELO, Adriano Pereira de; SANTOS, Larissa Medeiros Marinho dos; POLLO, Tatiana Cury e BACHETTI, Lívia da Silva. O conhecimento tácito a partir da perspectiva de Michael Polanyi. Arq. bras. psicol. [online]. 2019, vol.71, n.2 [citado 2022-04-29], pp. 34-50 . Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672019000200004
MERTON, R. (1968) The Matthew Effect m Science. The reward and communication systems of science are considered.
NEXO (2019) O elo partido entre ciência e tecnologia no Brasil
ORSI, C. (2019) Vacinas, evolução, transgênicos: pesquisa revela crenças dos brasileiros. Texto publicado na revista do Instituto Questão de Ciência.
PINTO, A.E. de (2009) Jornalismo Diário. Reflexões, Recomendações, Dicas e Exercícios. SP, Publifolha, 2009.
s/a (2019) Corte orçamentário de 42% em ciência e tecnologia preocupa entidades. Texto publicado em 3 de abril de 2019 na Folha de S.Paulo.
RIGHETTI, S. , GAMBA, E. (2021) Inclusão de professores negros no ensino superior pouco avança em dez anos Texto publicado em 21 de novembro de 2021 na Folha de S.Paulo.
RIGHETTI, S. , GAMBA, E. e BOTALLO, A. (2020) Só 1 em cada 4 matriculados em programas de mestrado e de doutorado no Brasil é negro Texto publicado em 22 de novembro de 2020 na Folha de S.Paulo.
Santagada, S. (1993) Indicadores sociais: Contexto social e breve histórico. Revista Indicadores Econômicos FEE – v. 20, n. 4 (1993, pp 245-255).
SIMÕES, S.; PEREIRA, M.A.M. A arte de fazer perguntas: Aspectos cognitivos da metodologia de survey e a construção de questionário. In: Aguiar, M. Desigualdades sociais, redes de sociabilidade e participação pública. Belo Horizonte. Ed. UFMG, 2009.
Shapin, Steven (2012). The Ivory Tower: the history of a figure of speech and its cultural uses (PDF). The British Journal for the History of Science (em inglês) (1): 1–27. ISSN 1474-001X
SHORT, D. (2013) The public understanding of science: 30 years of the Bodmer report. September 2013 “The School science review” 95(350):39-44
VELHO, L. Conceitos de Ciência e a Política Científica, Tecnológica e de Inovação. Sociologias, Porto Alegre, ano 13, n. 26, jan./abr. 2011, p. 128-153.
Vídeos e Podcasts
Como explicar o fenômeno terraplanista? (podcast, 2019)
O abraço corporativo (filme, 2009)
Entrevista Átila Iamarino no Roda-Viva (2020)
Sabine Righetti entrevista com Átila Iamarino e Natália Pasternack (2020)
Sai da toca, cientista! Canal Espaço Recíproco (2020)
Mano a Mano com Sidarta Ribeiro (2022)
Literatura
Butler, Octavia (2017) Kindred – laços de sangue. Ed. Morrobranco, 2017.
Hawking, Stephen (2015). Uma breve história do tempo. Ed. Intrínseca, 2015.
Kolbert, Elizabeth (2015). A sexta extinção – uma história não natural. Ed. Intrínseca, 2015.
Nogueira, Salvador (2015). Ciência proibida – as experiências científicas mais perigosas, assustadoras e crueis já realizadas. Ed. Abril/Superinteressante, 2015.
Pasternack, Natália e Orsi, Carlos (2020) Ciência no cotidiano – viva a razão, abaixo a ignorância. Ed. Contexto, 2020.
Saini, Angela (2017) Inferior é o caralho. Eles sempre estiveram errados sobre nós. Ed. Darkside, 2017.
Skloot, Rebecca (2011). A vida imortal de Henrietta Lacks. Ed. Cia das Letras, 2011.